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A Menina Invisรญvel (Ou o que sobra de uma ausรชncia)

Ela se chamava Helena — mas isso pouco importa, porque o nome nรฃo muda o destino de quem jรก nasceu sem lugar no mundo. Nรฃo era mรกrtir, nem santa. Apenas uma menina com olhos opacos. E isso, veja bem, nรฃo รฉ figura de linguagem. Os olhos dela realmente nรฃo refletiam luz. Tinham a escuridรฃo de quem desistiu antes mesmo de entender o que era viver. Desde pequena, Helena flutuava pela casa como quem nรฃo quer perturbar o chรฃo. Era filha, sim, mas nรฃo a preferida. Irmรฃ, talvez, mas nunca a lembrada. Estava lรก — como os mรณveis antigos, como a poeira no alto do armรกrio. A existรชncia dela era um ruรญdo abafado. Chorava? Sim. Mas sem som. Sorria? Raramente. E ninguรฉm via. Na escola, virou silรชncio ambulante. Os colegas riam da sua organizaรงรฃo exagerada, da forma como se escondia em si mesma. Talvez pensassem que era esnobe. Nรฃo era. Era sรณ medo — um medo quieto, que aprendeu a vestir como armadura. Cresceu. Ou talvez apenas envelheceu com o passar dos dias. Trabalhava. Voltava pra casa. Dormia. Re...

Para Sempre Errantes

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O vento soprava forte naquela noite. A cidade, inquieta e cheia de luzes, parecia indiferente ao fato de que, em meio a tantos rostos desconhecidos, duas almas estavam prestes a se reconhecer. Ela andava distraรญda, perdida nos prรณprios pensamentos. Ele, apressado, tentava ignorar o vazio que o acompanhava hรก anos. O choque foi inevitรกvel. Um esbarrรฃo, um pedido de desculpas murmurado, e entรฃo, o olhar. Os olhos dela eram castanhos, profundos, carregados de mistรฉrios que ele nunca teria tempo de decifrar. Os dele eram escuros, intensos, cheios de perguntas que ela jamais responderia. O mundo parou. O barulho ao redor sumiu. Por um instante, eram sรณ eles, conectados por algo que nรฃo entendiam, mas sentiam pulsar no peito. Ela sorriu, tรญmida. Ele inspirou fundo, como se quisesse guardar aquele momento dentro de si para sempre. — Desculpe — ela disse, mas nรฃo se moveu. — Tudo bem — ele respondeu, mas tambรฉm ficou. Nenhum dos dois sabia o que dizer, apenas sabiam que nรฃo queriam ir embora. ...

O Amor Entre Espadas รฉ Rosas

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Nos salรตes dourados do Reino de Eldoria, vivia a princesa Isolde, cujo rosto era comparado ร  lua cheia e cujo olhar lembrava as รกguas calmas do lago sagrado. Todos diziam que era a mais bela de toda a terra, e, ainda assim, sua beleza era sua prisรฃo. Destinada a um casamento de alianรงa, era como uma estrela cintilante trancafiada em uma gaiola de ouro. Mas havia alguรฉm que a via alรฉm do vรฉu de dever e destino. Cedric, o guarda do reino, jurara protegรช-la com sua espada e sua vida. A cada passo, a cada ameaรงa, ele estava ali—como uma sombra leal, como um escudo silencioso. O que comeรงou como um dever tornou-se um laรงo invisรญvel, entre palavras sussurradas no lusco-fusco dos corredores e olhares que queimavam como fogo secreto. Ela o amava como a tempestade ama o mar—intensa, indomรกvel. Ele a amava como o vento ama as folhas de outono—com doรงura, com tristeza, sabendo que o tempo as afastaria. Mas um amor entre uma princesa e um guarda era um amor condenado antes mesmo de nascer. Na noit...

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