O Amor Entre Espadas รฉ Rosas
Nos salรตes dourados do Reino de Eldoria, vivia a princesa Isolde, cujo rosto era comparado ร lua cheia e cujo olhar lembrava as รกguas calmas do lago sagrado. Todos diziam que era a mais bela de toda a terra, e, ainda assim, sua beleza era sua prisรฃo. Destinada a um casamento de alianรงa, era como uma estrela cintilante trancafiada em uma gaiola de ouro.
Mas havia alguรฉm que a via alรฉm do vรฉu de dever e destino. Cedric, o guarda do reino, jurara protegรช-la com sua espada e sua vida. A cada passo, a cada ameaรงa, ele estava ali—como uma sombra leal, como um escudo silencioso. O que comeรงou como um dever tornou-se um laรงo invisรญvel, entre palavras sussurradas no lusco-fusco dos corredores e olhares que queimavam como fogo secreto.
Ela o amava como a tempestade ama o mar—intensa, indomรกvel. Ele a amava como o vento ama as folhas de outono—com doรงura, com tristeza, sabendo que o tempo as afastaria.
Mas um amor entre uma princesa e um guarda era um amor condenado antes mesmo de nascer.
Na noite em que a lua estava mais cheia e a brisa trazia o perfume das gardรชnias do jardim real, Isolde e Cedric encontraram-se pela รบltima vez. Ele segurou suas mรฃos delicadas, sentindo nelas o calor de mil promessas que nunca seriam cumpridas.
— Se houvesse outro mundo, outra vida... — sussurrou ela.
— Eu te encontraria — respondeu ele, e sua voz era um juramento.
Mas naquela vida, naquela realidade, o amanhecer trouxe despedida. Cedric partiu para longe, levado por ordens do rei. Isolde foi desposada por um prรญncipe que jamais conheceu seu coraรงรฃo.
Dizem que, atรฉ o fim de seus dias, ao entardecer, a princesa se sentava ร janela, observando o horizonte, esperando um cavaleiro que nรฃo voltaria. E nas batalhas distantes, Cedric fechava os olhos por um instante, lembrando-se da rosa que certa vez repousara sobre seu peito, um presente de despedida daquela que ele nunca deixou de amar.
Pois alguns amores nรฃo precisam durar para sempre para serem eternos.
E dizem tambรฉm que, depois da morte, Isolde e Cedric renasceram. Em tempos diferentes, em mundos diferentes. รs vezes como estranhos que se esbarravam na rua, ร s vezes como amigos de infรขncia, ร s vezes como desconhecidos que trocavam um olhar e sentiam o coraรงรฃo acelerar sem motivo. Nunca se lembravam um do outro, nunca souberam que jรก haviam se amado uma vez. Mas, sem falha, em todas as vidas, se encontravam. E, sem entender por quรช, sempre se amavam.
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