Para Sempre Errantes
O vento soprava forte naquela noite. A cidade, inquieta e cheia de luzes, parecia indiferente ao fato de que, em meio a tantos rostos desconhecidos, duas almas estavam prestes a se reconhecer.
Ela andava distraรญda, perdida nos prรณprios pensamentos. Ele, apressado, tentava ignorar o vazio que o acompanhava hรก anos. O choque foi inevitรกvel. Um esbarrรฃo, um pedido de desculpas murmurado, e entรฃo, o olhar.
Os olhos dela eram castanhos, profundos, carregados de mistรฉrios que ele nunca teria tempo de decifrar. Os dele eram escuros, intensos, cheios de perguntas que ela jamais responderia.
O mundo parou. O barulho ao redor sumiu. Por um instante, eram sรณ eles, conectados por algo que nรฃo entendiam, mas sentiam pulsar no peito.
Ela sorriu, tรญmida. Ele inspirou fundo, como se quisesse guardar aquele momento dentro de si para sempre.
— Desculpe — ela disse, mas nรฃo se moveu.
— Tudo bem — ele respondeu, mas tambรฉm ficou.
Nenhum dos dois sabia o que dizer, apenas sabiam que nรฃo queriam ir embora. Mas o destino jรก havia decidido por eles. O telefone dela tocou. O รดnibus dele se aproximava.
Um segundo a mais, e talvez tivessem ficado. Mas hesitaram.
Ela se virou primeiro. Ele, logo depois. Cada um seguiu seu caminho, sentindo um vazio que antes nรฃo existia.
Nunca mais se viram. Nunca mais foram os mesmos.
Mas, no fundo, sabiam: para sempre errantes, para sempre apaixonados.
"Duas almas errantes, sem saber o que era o amor, sem nunca tรช-lo sentido. Perdidos no coraรงรฃo, perdidos na vida. Caminhando sem rumo, atรฉ que seus mundos colidem—um esbarrรฃo, um olhar, uma quรญmica impossรญvel de ignorar. Um instante e tudo muda. Mas o destino รฉ cruel: precisam seguir caminhos opostos. Nunca mais foram os mesmos. Para sempre apaixonados, mas condenados a nunca mais se encontrar."
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